segunda-feira, 25 de maio de 2015

2º ano :: 2º Bim Aula 1 :: Sofistas e uma Falsa Democracia ?

Link com o 1º Bimestre

O conhecimento sobre a natureza e seu estabelecimento como princípio de todas as coisas realizada pelos pré-socráticos abriu espaço para o surgimento da filosofia. É que as respostas aos acontecimentos naturais eram atribuídas aos deuses gregos e suas vontades. 


Deste modo, acreditava-se que um raio que cai do céu à terra, um rio que desce a montanha, um canto de um pássaro, a relação noite e o dia, etc. Tudo isso acontecia segundo a vontade dos deuses, ou seja, suas vontades repercutiam aqui no mundo que vivemos.


Assim, não havia por que buscar sentido na natureza uma vez que tudo o que acontecia era resultado da vontade de algum deles, não havia sentido na lógica da natureza e sim na lógica  divina. Porém, os primeiros passos da filosofia foram o de buscar respostas da natureza na própria natureza. 


Não mais submeter a natureza à vontade alheia, pois no entender dos primeiros filósofos, como vimos no 1º bim, era de que a natureza fornece todas as pistas necessárias para compreendê-la, ou seja, ela guarda uma verdade que pode ser compreendida pela razão. 

O que podemos concluir dessa primeira fase da filosofia é que há uma verdade na natureza que pode ser captada a partir de sua compreensão, ou seja, compreender a natureza é compreender sua VERDADE. Este foi o principal legado dos Pré-socráticos que em Parmênides ganha o nome de SER e em Heráclito de Logos. 

Sofistas

Os Sofistas (480 a.C.-370 a.C.) eram professores que andavam pelo território grego indo de cidade em cidade oferecendo seus serviços. Ensinavam a filosofia de um modo diferente, diminuindo a VERDADE que os pré-socráticos deixaram como legado à condição de "pequena verdade", ou "verdade artificial" pois era criada pelo homem. Assim, tudo que fosse considerado verdade era inventado pelo homem para obter poder.



Filosofia Sofística: a ausência da Verdade Natural.

"O homem é a medida de todas as coisas", isso significa que nós estabelecemos o que é e o que não é verdadeiro, não havendo assim uma "verdade oculta" na natureza a ser decifrada pelo conhecimento. Tudo o que é foi inventado pelo homem é a máxima do pensamento de Protágoras um dos sofista mais importantes.

Seguindo a mesma linha de pensamento, outro sofista importante, Górgias, diz que:

Nada há
Se algo houvesse não poderia ser conhecido
Mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém

Esta passagem é do Tratado do Não-Ser, onde é possivel perceber uma abordagem filosófica sobre o Nada, presente em todo lugar, inviabilizando o conhecimento e a sua comunicação. Como conhecer algo que não existe ? E como comunicar algo que não existe ?

Contexto Político

Deste modo, a partir do que se sabe sobre os Sofistas, podemos afirmar que essa orientação filosófica acerca do Nada, fortalecia os sofistas a ensinarem a oratória e a retórica aos jovens da cidade que pretendiam ser os futuros politicos. A oratória é a arte de falar bem e a retórica é a arte de falar bem com a intenção de convencer o outro a concordar com você. Os melhores professores sofistas cobravam mais caro para ensinar, logo só pagava quem tinha dinheiro de modo que quem tinha dinheiro acabava falando e se expressando melhor que os demais. Quanto melhor se falava em público, mais gente se convencia, e quanto mais gente convencia, maior a quantidade de seguidores e maior era poder. 

Falsa Democracia ?


  Ora, a democracia é o governo do povo para o povo. Pois democracia vem do grego "demos" que significa povo e de "kratos" que significa povo, poder = democracia = poder do povo.
 
Mas nessa época (Período Clássico que se estende entre 500 e 338 a.C), que se deu após a época das aristocracias de Atenas, não é de se estranhar que mesmo entre pessoas do povo havia aqueles aristocratas remanescentes, ou seja, aqueles que possuiam mais poder aquisitivo que outros. É bobagem imaginar que na democracia grega todos eram iguais, e essa diferença de poder aquisitivo se concretizava na política por aqueles que podiam pagar mais por melhores professores, tornando-se com isso melhores comunicadores e convencendo mais gente.

Seguindo a orientação filosófica sofística de seus mestres de que "nada há e o que há foi inventado" esses políticos desenvolviam uma boa "lábia" e com ela  conseguiam seguidores e consequentemente poder. Daí, esquecer dos reais problemas da cidade e passar a se preocupar com seus próprios problemas era "daqui pra ali".

A política então ficou resumida a quem era mais hábil na arte de falar e convencer do que na resolução dos problemas da cidade que afetam a todos, não que estes não fossem resolvidos, mas havia no ar uma preocupação
maior em obter poder do que uma preocupação em resolver as coisas. E o "poder do povo para o povo" perde aí seu sentido, por isso a pergunta: Uma falsa democracia ? Situação bem semelhante vivenciamos em nosso cenário politico atual mais de dois mil anos depois.

Isso vai incomodar Sócrates, que vai iniciar um posicionamento contrário ao que estava estabelecido neste cenário político de Atenas, algo que veremos a seguir.

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