Prezados, em breve irei atualizar com um texto de minha autoria falando sobre o assunto. Por enquanto irei disponibilizar o texto abaixo extraído do blog https://sociolizando.wordpress.com
que está muito bom e de fácil compreensão. Logo abaixo tem uma tabela comparativa bem interessante do dois momentos também extraída do mesmo endereço. Os créditos do texto vão para Ricardo Festi.
Modernidade ou pós-modernidade?
Por Ricardo FestiNossa disciplina se coloca a tarefa de refletir a sociedade em seu movimento. De certa forma, o debate sobre a vigência ou não da modernidade será objeto de reflexão de todo nosso curso. A modernidade não é sentida apenas numa racionalização da sociedade ocidental (veja o texto logo abaixo). A modernidade introduziu uma dinâmica nova na sociedade, perceptível por todos os indivíduos que vivem nela, principalmente aqueles que estão nos lugares simbólicos desta época (a cidade, a fábrica, etc). Essa percepção também se manifestou no âmbito da arte, dos sentimentos, das formas de relacionamento, etc. Se é verdade que estamos vivendo uma transformação tão profunda da sociedade ao ponto de superarmos a modernidade, então isso implica dizer que todas as esferas da vida social estão mudando: não apenas as instituições sociais, mas também a forma de sentir (como o amor), a forma de fazer política, etc. O texto abaixo aborda de outra maneira a definição do conceito Modernidade e também apresenta um importante debate que está ocorrendo no seio das ciências humanas sobre a superação ou não desta época. Alguns autores afirmam que nossa sociedade ocidental, por ter passado por profundas transformações sociais e políticas nos últimos anos, teria superado a modernidade e ingressado num mundo “pós-moderno”. Outros, discordando destes, vêem nestas mudanças mais uma manifestação da modernidade, seu aspecto transitório e de permanente transformação. É importante que você compreenda este debate, pois ele é atualíssimo e ganhou novos argumentos depois que o mundo foi sacudido pela crise econômica iniciada em setembro de 2008. Reflita sobre o tema e traga os seus argumentos para o debate em sala de aula.
Texto Complementar de John Scott (Sociologia: conceitos-chave)
Em seu sentido original e mais
generalizado, “moderno” significa algo contemporâneo, atual, de hoje. A
palavra estabelece um contraste entre músicas, vestuário, arquitetura,
atitudes e padrões sociais dos tempos atuais e mais recentes e os do
passado mais remoto. Em sociologia, ela é usada dessa forma quando se
refere à teoria social moderna, em contraste com a teoria “clássica”,
mais antiga. É também usada para contrastar a fase moderna de um país –
sua sociedade atual – com períodos anteriores de sua história.
Os primeiros autores que escreveram sobre
a modernidade – a condição social moderna – opuseram as sociedades
comerciais e nacionais emergentes da Europa do século XVII às estruturas
decadentes do feudalismo e a todas as outras formas de sociedade
tradicional. A palavra “moderno” foi usada para descrever as condições
sociais específicas da Europa pós-medieval.
A sociedade moderna, nascida antes do
século XVII, era vista como uma nova época histórica que iria se
desenvolver e perdurar por algum tempo. A modernidade, então, foi
associada às instituições sociais específicas dessa sociedade
pós-medieval. Tais instituições eram caracterizadas por uma ênfase
intensa e progressiva em considerações puramente racionais e num
correspondente declínio da tradição e tradicionalismo. A
condição social moderna encerra um modo de vida racionalmente
organizado, em que as ações sociais assumem a forma de técnicas ou
estratégias que se utilizam dos meios mais adequados e precisos para
perseguir objetivos. As principais formas de ação racional encontradas nas instituições do Estado-nação e do industrialismo capitalista,
e em suas práticas políticas e econômicas, passam a dominar e moldar
todas as outras áreas da vida social. Os teóricos sociais, especialmente
os do período formativo da sociologia, tendiam a ver o crescimento das
formas racionais de ação como uma tendência de longo prazo nas sociedade
modernas. Eles apresentaram a racionalização do mundo como algo inelutável, e em geral se presumia que todas as sociedades seguiriam um caminho evolutivo semelhante de modernização que
as levaria a adotar as mesmas instituições modernas surgidas na Europa
Ocidental. As instituições sociais que se solidificaram no Ocidente no
final do século XIX são as seguintes: Estados-nação centralizadas e
intervencionistas, mercados monopolizados, grandes empresas produtivas e
financeiras, sistemas de produção em massa, consumo de massa, movimento
e assentamento de massas por meio de transporte e formas urbanas,
comunicação e cultura de massas.
(…)
Recentemente, teóricos sociais
questionaram o caráter inevitável da modernidade e sugeriram que até
instituições sociais modernas são passíveis de mudança. Eles sustentam
que se a escala dessa mudança for grande, então descrevê-las como
modernas pode não fazer mais sentido. Insinuou-se que a segunda metade
do século XX pode, na verdade, ter assistido a tal mudança e que o mundo
ocidental ingressou numa nova condição “pós-moderna”. Esses teóricos
afirmam que mudanças culturais fundamentais extinguiram a racionalidade
do Iluminismo e interromperam o processo de racionalização, dando início
a grandes transformações sociais (…).
Os pós-modernistas sustentam que não era
possível estabelecer alicerces para a certeza intelectual. Não poderia
haver “totalidade”, “grande narrativa” ou “quadro maior” que explicasse o
mundo, que tinha de ser aceito como caótico e efêmero.
Esses argumentos influenciaram as teorias
de autores como Jacques Derrida, Michel Foucault e Jean Baudrillard,
que se concentraram na relatividade dos valores e das ideias (…). O
crescimento da pós-modernidade foi identificado em aspectos tais como o
enfraquecimento dos Estados-nação, a desorganização e fragmentação das
economias nacionais, a crescente importância dos fluxos de informação e
conhecimento, o aumento do risco, da incerteza e da ansiedade, a grande
expansão do consumismo e da cultura popular na vida cotidiana, e a
extensão e interconexão globais das atividades humanas. Tais argumentos
apontam para mudanças sociais cruciais nas estruturas das sociedades
contemporâneas, embora muitas dessas mudanças possam ser vistas como
formas aprofundadas e intensificadas de instituições sociais modernas.
Tais instituições foram continuamente transformadas desde que apareceram
pela primeira vez. A afirmação de que atingimos o fim da modernidade
permanece altamente contestável.
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