domingo, 24 de julho de 2016

3º ano :: 3º bim :: aula 1 : Modernidade e Pós-modernidade

Prezados, em breve irei atualizar com um texto de minha autoria falando sobre o assunto. Por enquanto irei disponibilizar o texto abaixo extraído do blog https://sociolizando.wordpress.com
que está muito bom e de fácil compreensão. Logo abaixo tem uma tabela comparativa bem interessante do dois momentos também extraída do mesmo endereço. Os créditos do texto vão para Ricardo Festi. 

Modernidade ou pós-modernidade?

Por Ricardo Festi

Nossa disciplina se coloca a tarefa de refletir a sociedade em seu movimento. De certa forma, o debate sobre a vigência ou não da modernidade será objeto de reflexão de todo nosso curso. A modernidade não é sentida apenas numa racionalização da sociedade ocidental (veja o texto logo abaixo). A modernidade introduziu uma dinâmica nova na sociedade, perceptível por todos os indivíduos que vivem nela, principalmente aqueles que estão nos lugares simbólicos desta época (a cidade, a fábrica, etc). Essa percepção também se manifestou no âmbito da arte, dos sentimentos, das formas de relacionamento, etc. Se é verdade que estamos vivendo uma transformação tão profunda da sociedade ao ponto de superarmos a modernidade, então isso implica dizer que todas as esferas da vida social estão mudando: não apenas as instituições sociais, mas também a forma de sentir (como o amor), a forma de fazer política, etc. O texto abaixo aborda de outra maneira a definição do conceito Modernidade e também apresenta um importante debate que está ocorrendo no seio das ciências humanas sobre a superação ou não desta época. Alguns autores afirmam que nossa sociedade ocidental, por ter passado por profundas transformações sociais e políticas nos últimos anos, teria superado a modernidade e ingressado num mundo “pós-moderno”. Outros, discordando destes, vêem nestas mudanças mais uma manifestação da modernidade, seu aspecto transitório e de permanente transformação. É importante que você compreenda este debate, pois ele é atualíssimo e ganhou novos argumentos depois que o mundo foi sacudido pela crise econômica iniciada em setembro de 2008. Reflita sobre o tema e traga os seus argumentos para o debate em sala de aula.

Texto Complementar de John Scott 
(Sociologia: conceitos-chave)
Em seu sentido original e mais generalizado, “moderno” significa algo contemporâneo, atual, de hoje. A palavra estabelece um contraste entre músicas, vestuário, arquitetura, atitudes e padrões sociais dos tempos atuais e mais recentes e os do passado mais remoto. Em sociologia, ela é usada dessa forma quando se refere à teoria social moderna, em contraste com a teoria “clássica”, mais antiga. É também usada para contrastar a fase moderna de um país – sua sociedade atual – com períodos anteriores de sua história.
Os primeiros autores que escreveram sobre a modernidade – a condição social moderna – opuseram as sociedades comerciais e nacionais emergentes da Europa do século XVII às estruturas decadentes do feudalismo e a todas as outras formas de sociedade tradicional. A palavra “moderno” foi usada para descrever as condições sociais específicas da Europa pós-medieval.
A sociedade moderna, nascida antes do século XVII, era vista como uma nova época histórica que iria se desenvolver e perdurar por algum tempo. A modernidade, então, foi associada às instituições sociais específicas dessa sociedade pós-medieval. Tais instituições eram caracterizadas por uma ênfase intensa e progressiva em considerações puramente racionais e num correspondente declínio da tradição e tradicionalismo. A condição social moderna encerra um modo de vida racionalmente organizado, em que as ações sociais assumem a forma de técnicas ou estratégias que se utilizam dos meios mais adequados e precisos para perseguir objetivos. As principais formas de ação racional encontradas nas instituições do Estado-nação e do industrialismo capitalista, e em suas práticas políticas e econômicas, passam a dominar e moldar todas as outras áreas da vida social. Os teóricos sociais, especialmente os do período formativo da sociologia, tendiam a ver o crescimento das formas racionais de ação como uma tendência de longo prazo nas sociedade modernas. Eles apresentaram a racionalização do mundo como algo inelutável, e em geral se presumia que todas as sociedades seguiriam um caminho evolutivo semelhante de modernização que as levaria a adotar as mesmas instituições modernas surgidas na Europa Ocidental. As instituições sociais que se solidificaram no Ocidente no final do século XIX são as seguintes: Estados-nação centralizadas e intervencionistas, mercados monopolizados, grandes empresas produtivas e financeiras, sistemas de produção em massa, consumo de massa, movimento e assentamento de massas por meio de transporte e formas urbanas, comunicação e cultura de massas.
(…)
Recentemente, teóricos sociais questionaram o caráter inevitável da modernidade e sugeriram que até instituições sociais modernas são passíveis de mudança. Eles sustentam que se a escala dessa mudança for grande, então descrevê-las como modernas pode não fazer mais sentido. Insinuou-se que a segunda metade do século XX pode, na verdade, ter assistido a tal mudança e que o mundo ocidental ingressou numa nova condição “pós-moderna”. Esses teóricos afirmam que mudanças culturais fundamentais extinguiram a racionalidade do Iluminismo e interromperam o processo de racionalização, dando início a grandes transformações sociais (…).
Os pós-modernistas sustentam que não era possível estabelecer alicerces para a certeza intelectual. Não poderia haver “totalidade”, “grande narrativa” ou “quadro maior” que explicasse o mundo, que tinha de ser aceito como caótico e efêmero.
Esses argumentos influenciaram as teorias de autores como Jacques Derrida, Michel Foucault e Jean Baudrillard, que se concentraram na relatividade dos valores e das ideias (…). O crescimento da pós-modernidade foi identificado em aspectos tais como o enfraquecimento dos Estados-nação, a desorganização e fragmentação das economias nacionais, a crescente importância dos fluxos de informação e conhecimento, o aumento do risco, da incerteza e da ansiedade, a grande expansão do consumismo e da cultura popular na vida cotidiana, e a extensão e interconexão globais das atividades humanas. Tais argumentos apontam para mudanças sociais cruciais nas estruturas das sociedades contemporâneas, embora muitas dessas mudanças possam ser vistas como formas aprofundadas e intensificadas de instituições sociais modernas. Tais instituições foram continuamente transformadas desde que apareceram pela primeira vez. A afirmação de que atingimos o fim da modernidade permanece altamente contestável.



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