segunda-feira, 10 de março de 2014

2º Ano - Physis, a filosofia da natureza: o princípio natural. (aula 3)

Como vimos na aula anterior, os filósofos da natureza (os primeiros filósofos) eram assim chamados porque entendiam que as coisas eram geradas a partir de um princípio substancial (ou material). A ideia de que as coisas surgiam como mágica, geradas a partir da vontade dos deuses não interessava mais a estes pensadores que viveram em torno do séc VI ao V a.C.


Tudo que existe existe por uma causa e essa causa não é algo que vem de fora da natureza, ela é a própria natureza se manifestando. Desta forma, para esse novo pensamento que surgia, o poder dos deuses ficava restrito à religião, aos aspectos espirituais apenas. As respostas sobre o mundo natural deveriam ser buscadas no próprio mundo natural. Já que a natureza, ao contrário dos deuses, não é algo indecifrável, os primeiros filósofos defendiam que é possível decifrá-la, compreendê-la e explicá-la. Nascia aí a ciência que conhecemos hoje, que naquela época não tinha esse nome pois a ciência estava contida na filosofia.

Para concretizar essa ideia, os filósofos pensaram que era necessário haver algo como princípio em lugar da vontade dos deuses, esse "algo" ganhou um nome e era conhecido como physis, que claramente se assemelha com a palavra física e isso não é à tôa, a ciência de hoje tem suas bases todas nesse pensamento grego sobre a physis como conjunto de todas as coisas naturais que formam a realidade. Como foi dito antes, ela significa origem de todas as coisas que existem.


Achou complexo ? Basta você fazer as mesmas perguntas que estes filósofos faziam e acredite, não são perguntas complexas, ao contrário, eles perguntavam: por que chove ? por que em um momento é dia e depois é noite ? Por que as águas do rio sobem e depois descem ? Por que as pedras rolam pelas montanhas ? Por que a borboleta bate asas ?

Eles pensavam que havia um princípio natural para todas essas coisas, pois se o mundo se transforma, algo deve se manter e esse algo é a physys. Diante disso, cada filósofo pensou em algo que ele acreditava ser a verdadeira physys ou a arché, que em grego significa princípio, ou origem. 

O primeiro deles foi Tales de Mileto (o cara da água ) . Vejamos:
"Tales viajou por várias regiões, inclusive o Egito, onde, segundo consta, calculou a altura de uma pirâmide a partir da proporção entre sua própria altura e o comprimento de sua sombra. Esse cálculo exprime o que, na geometria, até hoje se conhece como teorema de Tales.
Tales foi um dos filósofos que acreditava que as coisas têm por trás de si um princípio físico, material, chamado arché. Para Tales, o arché seria a água. Tales observou que o calor necessita de água, que o morto resseca, que a natureza é úmida, que os germens são úmidos, que os alimentos contêm seiva, e concluiu que o princípio de tudo era a água. Com essa afirmação deduz-se que a existência singular não possui autonomia alguma, apenas algo acidental, uma modificação. A existência singular é passageira, modifica-se. A água é um momento no todo em geral, um elemento.
Principais fragmentos:
  • “...a Água é o princípio de todas as coisas...”.
  • “... todas as coisas estão cheias de deuses...”.
  • “... a pedra magnética possui um poder porque move o ferro..."
Tales é apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador da Escola Jônica. Considerava a água como sendo a origem de todas as coisas, e seus seguidores, embora discordassem quanto à “substância primordial” (que constituía a essência do universo), concordavam com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único" para essa natureza primordial."1

Tales de Mileto teve dois discípulos: Anaxímenes que dizia ser o "ar" a substância primária; e Anaximandro, para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação.

Para Anaximandro o princípio das coisas - o arché - não era algo visível; era uma substância etérea, infinita. Chamou a essa substância de apeíron (indeterminado, infinito). O apeíron seria uma “massa geradora” dos seres, contendo em si todos os elementos contrários.
Anaximandro tinha um argumento contra Tales: o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e essas coisas são antagônicas entre si, portanto o elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, mas está invisível.

 Para Demócrito, as transformações que se podem observar na natureza não significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de "pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível". A estas unidades mínimas deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por uma infinidade dessas unidades indivisíveis. "Isto porque se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por diluir-se totalmente". Exemplo: se um corpo – de uma árvore ou animal, morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a outros corpos.

Pitágoras defendia uma doutrina com ênfase na metafísica e na filosofia dos números e da música como essência de tudo que existe. Trata-se de um pensamento racional baseado nas relações númericas com uma certa intenção religiosa, e o  ponto central da doutrina religiosa é a crença na transmigração das almas ou metempsicose.


1http://pt.wikipedia.org/wiki/Tales_de_Mileto

Ate a próxima!!
Prof. Matheus Gondim